Selecione uma localidade

Kyvo apoia iniciativa de estudante paraense para utilizar caroço de açaí em mistura para a construção de casas

Francielly Rodrigues misturou o caroço do açaí com argila e descobriu que é possível minimizar a utilização de lixo no aterramento para a construção de fundações de casas em Moju

Francielly Rodrigues, estudante do ensino médio em Moju, interior do Pará, em visita à sede da Kyvo, em São Paulo

Para quem não é da região Norte do Brasil, a primeira imagem que se tem ao se falar de açaí é a do creme batido com pó de guaraná e vendido em lojas de sucos e lanchonetes. Nem mesmo a figura da fruta é de grande conhecimento de quem consome seus derivados, que dirá o caroço.

Com uma produção anual de mais de 1 milhão de toneladas, o estado do Pará enfrenta um desafio pouco conhecido da população: dar destinação adequada aos resíduos resultantes da extração do fruto. Já há iniciativas como a da Votorantim Cimentos, que transforma os caroços em matéria prima para substituir a utilização do coque nos alto fornos da cimenteira. Mas a questão está longe de ser endereçada. Diariamente, são descartadas cerca de 16 toneladas de caroço nos municípios paraenses.

Neste ano, porém, a iniciativa de uma estudante de ensino médio da cidade de Moju, no interior do Pará, despertou a atenção da comunidade científica. Francielly Rodrigues, 16 anos, aluna da escola pública Ernestina Pereira Maia, apresentou durante a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) um projeto que utiliza o caroço de açaí como ingrediente principal para ser utilizado nas fundações de casas, quase que um cimento feito a partir de matéria orgânica. Transformar a mistura em tijolo também é outra possibilidade. Uma iniciativa que, além de reduzir a extração de argila e dar destinação ao caroço do açaí, tem potencial para ajudar a solucionar a questão do o aterramento inadequado feito com lixo para a construção de fundações de moradias.

O experimento foi bem sucedido e ao ser apresentado na FEBRACE recebeu dez premiações, fato que resultou num convite do MIT, uma das universidades mais prestigiadas do mundo quando o assunto é inovação, para que Francielly fosse conhecer seu campus e laboratórios. A estudante então iniciou uma campanha de crowdfunding para arcar com os custos da viagem.

Como parte do compromisso de fomentar o desenvolvimento de um hub de inovação na Amazônia, a Kyvo Design-Driven Innovation, desde o último dia 13 de setembro, passou a ser uma das apoiadoras do projeto da Francielly,  disponibilizando os times de design, pesquisa e comunicação para potencializar a iniciativa da estudante. O objetivo é que a massa feita a partir do caroço do açaí, mais do que uma viagem para conhecer o MIT, impacte positivamente populações da Amazônia que vivem realidade semelhante de falta de recursos para aterramento e construção de fundações adequadas para moradia.

Além de apoiar iniciativas individuais como a da Francielly, a Kyvo trabalha ainda dois outros formatos de fomento à inovação na região: é precursora do movimento Moara, uma iniciativa aberta dedicada ao profundo desenvolvimento e amadurecimento do Ecossistema de Inovação da Amazônia, cujo principal objetivo é fomentar uma economia pós-extrativista, pós-commodity e pós-escassez na Bacia Amazônica, que levará, por exemplo, o resto da economia brasileira a gerar inovação globalmente relevante, focada principalmente em sustentabilidade e regeneração. E é idealizadora do fórum de inovação e empreendedorismo Amazon Launch, que já teve duas edições e conta com o apoio do Sebrae-PA e do governo do estado.