Nos últimos anos, a crítica sobre o elevado custo para participar do South by Southwest (SXSW), em Austin, tem sido recorrente. A comparação é sempre com o clima alternativo das primeiras edições, quando o festival era palco para que músicos e artistas desconhecidos expusessem seus trabalhos para um público ávido por novidades, ou então com o espírito disruptivo de startups que invadiram o festival a partir do início dos anos 2000. Já são 31 anos de SXSW. Impossível ser unânime durante tanto tempo.
A despeito das críticas, o fato é que há poucos eventos hoje no mundo que permitem tantas novas oportunidades de networking como o SXSW. Isso já fica claro quando se começa a saga para montar a própria programação durante os dez dias de festival. Um trabalho que consiste em priorizar as áreas de interesse, para depois selecionar as palestras e, só então, dar início a montagem da grade.
Esse é o ritual só das palestras, mais de duas mil, de temas que variam de propaganda e jornalismo à tecnologia, startups e futuro inteligente. E é uma missão cumprida por algo em torno de 70 mil pessoas. Há ainda os festivais de música e cinema, que contêm o DNA do sucesso do SXSW, em que outras 70 mil pessoas invadem Austin para participar.
Por isso o aumento dos custos ainda não assusta. A dúvida é até quando fará sentido ir ao SXSW. Neste ano, algumas agências de publicidade com presença global anunciaram times menores durante o evento. Um movimento semelhante ao que fizeram no festival de Cannes no ano passado. Empresas de outras áreas, contudo, seguem reforçando sua presença. As grandes consultorias são um exemplo de empresas cada vez mais atuantes.
Os brasileiros também. Nesta edição, a Embraer levará seu projeto de táxi aéreo em parceria com o Uber; a Ambev falará de sua marca de água AMA, que conta com um discurso forte de sustentabilidade em sua concepção; e tem a Natura mostrando seu DNA como início de uma ofensiva no mercado americano. A APEX também vai forte, com uma comitiva de outras 75 empresas brasileiras, a maior desde que a agência começou a participar do SXSW, em 2014.
É cedo para dizer se veremos o lançamento de um Twitter, como aconteceu em 2007, durante os pitchs organizados pelo festival com mais de 50 startups. Ou então quais temas se destacarão mais. Diversidade? sustentabilidade de cidades e regiões metropolitanas? Os temas tech, como realidade aumentada, blockchain, inteligência artificial? Mais fácil prever que perda de tempo e dinheiro o SXSW não será. Nos vemos lá.