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Novo ciclo global de inovação – Parte 1

O que vem por aí? Longe do futurismo "festivo", uma visão do que poderá ser nosso futuro pós-colonial, pós-industrial, pós-extrativista, pós-escassez

Apresentamos aqui uma série de artigos em que vamos explorar o “novo ciclo global de inovação”, conceito que proponho para entender como o futuro próximo pode acontecer. É um conceito que junta geopolítica, macro-economia, tecnologia, metadesign e a compreensão do papel do Brasil e outros países nas grandes inovações que poderão moldar o mundo nos próximos anos.

Esse primeiro ensaio apresenta o conceito do Novo Ciclo Global de Inovação e o papel da chamada “inovação regenerativa” nesse novo ciclo.

Para ler o segundo texto da série, clique aqui.

O novo ciclo global de inovação

É uma sociedade em que a inovação tem um papel central, transformando constantemente o cotidiano e criando as condições para a macro-economia funcionar. Mas, eu considero que esse primeiro grande ciclo de inovação contemporâneo — aquele turbinado pela tecnologia digital e pela sua aplicação em produtos e serviços de alto valor agregado — está chegando em um ponto de saturação, e assim ao seu fim.

Esse primeiro ciclo de inovação está chegando ao fim porque não questionou os aspectos fundamentais da sociedade industrial: a economia da escassez, a organização geopolítica planetária e o terrível impacto das atividades humanas sobre o meio-ambiente. Muito se falou e cogitou sobre isso, mas pouquíssimo se fez a respeito.

Ao mesmo tempo que vemos a sociedade global timidamente tentar reduzir seu impacto sobre o meio-ambiente, vejo a necessidade de fazer as coisas de um jeito muito diferente. Por isso, tenho dito que estamos entrando em um novo ciclo global de inovação que será caracterizado por transformações profundas na organização da economia, das cidades, da educação, da infraestrutura, da cultura, do consumo e da geopolítica.

Cultura regenerativa

Esse novo tipo de inovação sabe que não é mais suficiente sermos “sustentáveis”. A premissa da sustentabilidade é “reduzir o impacto” de nossas atividades sobre o ecossistema planetário. Precisamos ir além, e construir relações que melhoram o ecossistema — promovendo atividades e tecnologias que incrementam a biodiversidade, por exemplo — a chamada inovação regenerativa: compensar e reparar o que destruímos, reconhecer que somos parte do ecossistema, aprender com nossas relações ecossistêmicas, promover qualidade de vida para todos os seres vivos, não apenas os humanos.

Não é suficiente tornar o “evento humano” sustentável. Precisamos torná-lo benéfico ao meio-ambiente. Precisamos ir além de parar de destruir o meio-ambiente e o bem-estar da sociedade, precisamos reverter os danos que causamos até agora, e criar condições para o enriquecimento de todo o ecossistema.

Não só isso é possível (veremos a seguir), como é viável. Na verdade, NECESSÁRIO.

Protagonismo do Eixo Sul e dos países BRICS

O “velho mundo desenvolvido”, à esquerda. E o que poderia ser um “novo mundo regenerativo”, à direita. Os países desenvolvidos têm uma longa história de criatividade e inovação, e são a referência para o que ainda hoje chamamos de “desenvolvimento” e “qualidade de vida”. Mas, será que eles serão uma referência para o futuro? Enquanto que nos chamados BRICS, e em todo o “resto” do mundo, há a necessidade de se criar um novo modo de vida. (Imagem: Bootstrap/Caio Vassão, com base em arquivo Wikimedia.)

Há diversos motivos para isso:

  • os “países desenvolvidos” têm uma infraestrutura muito desenvolvida e consolidada, mas obsoleta do ponto de vista ambiental e social;
  • há uma “nova classe média global” emergindo que, em sua maioria, não estará nos países do “eixo norte” e sim na Ásia, África e América Latina;
  • é necessário inventar uma nova economia pós-industrial marcada pela produção de conhecimento e pela criatividade que reconheça a contribuição de outras nações além dos “países desenvolvidos”.

Eu acredito que há uma “inércia anti-inovação” dos países desenvolvidos: há muita coisa pronta e funcionando por lá, e teriam que abandonar essa infraestrutura para que pudessem tornar-se “nações regenerativas”.

Como há muito investimento nessas infraestruturas, há também muita relutância em questioná-las e, assim, transformá-las.

A infraestrutura dos países desenvolvidos foi criada segundo uma matriz tecnológica industrial baseada nos combustíveis fósseis, em sistemas centralizados e pesados, de alto impacto ambiental. Sistemas de produção de energia, abastecimento de água e esgoto, sistemas viários e de transportes, desenho das cidades e seu funcionamento, produção industrial e sistemas de consumo: todos esses sistemas foram concebidos, desenvolvidos e implantados durante um período histórico em que o conhecimento científico a respeito das relações ecossistêmicas da sociedade humana e a natureza era muito rudimentar.

Esses impactos ecossistêmicos são, ainda hoje, um desafio. Mas, nos séculos XVIII, XIX e XX, pouco se sabia ou sequer se questionava sobre o impacto do “evento humano” sobre a natureza. Nessa época — e ainda hoje — preferia-se implementar uma nova ideia com base em seu retorno financeiro e relevância sócio-econômica, com quase nenhuma preocupação sócio-ambiental. Quantos desastres ecológicos poderiam ter sido evitados caso soubéssemos mais? Hoje sabemos pelo menos um pouco mais.

Ir além do “velho normal”

Desde a antiguidade, ocorre um processo gradual de desmatamento e desertificação de boa parte da Europa e Oriente Médio, sempre orientada pela separação entre sociedade humana e natureza.

A partir da Revolução Industrial, uma nova fase se inicia: passa-se a poluir rios e bacias hidrográficas inteiras; ocorre a migração induzida de populações para a formação da força de trabalho industrial nas cidades; cria-se um meio urbano hostil ao convívio social e à formação de comunidades; a segregação da sociedade em densas cidades em que a vida humana oscila entre atividades de produção e consumo.

Mesmo que hoje em dia nosso referencial de bem-estar ainda sejam as cidades europeias, sabemos que há opções radicalmente diferentes e necessárias para viabilizar nosso futuro. Quando a infraestruturas e o modo de vida da Europa se desenvolveram, não havia quase nenhum conhecimento sobre o impacto do desenvolvimento econômico sobre a natureza e o bem-estar social. Acreditava-se que toda ação humana é, necessariamente, maléfica ao meio-ambiente — a crença de que, para que a economia possa crescer e se desenvolver, precisamos destruir o meio-ambiente. Até metade do século XX, essa destruição era vista como sinônimo de desenvolvimento e bem-estar: por exemplo, para representar a ideia de “progresso”, era comum crianças desenharem fábricas expelindo fumaça no céu.

A partir da década de 1960, surge o movimento ecológico, com destaque para as transformações sociais e tecnológicas que vão sendo prototipadas na Europa.

Mas, há um “limite” que os europeus e os norte-americanos enfrentam que os impede de tornar-se de fato regenerativos: há um vasto patrimônio construído que os convida a continuar a usar as mesmas tecnologias, técnicas administrativas e organizacionais, sistemas de produção de valor socialmente aceito.

Toda a parafernália da vida moderna da Europa, EUA, Japão e dos países desenvolvidos foi construída segundo um paradigma que sabemos hoje ser ultrapassado: esses países construíram suas cidades, sua infraestrutura urbana, industrial e de transportes, sua gestão do território, da produção agrícola e de consumo de um jeito que é necessariamente destrutivo para o meio-ambiente. O modo de vida que a classe média, segundo o paradigma de desenvolvimento social dos países europeus, norte-americanos e Japão, tende a “terceirizar” seus problemas para o futuro e para outros lugares: cria-se problemas que têm impacto sobre outras regiões do planeta e sobre as vidas de nossos descendentes.

E mesmo que hoje saiba-se com total clareza que estamos destruindo o bioma planetário, pouco se faz a respeito comparado com as profundas transformações que deveríamos realizar.

Para dificultar ainda mais as coisas, os países desenvolvidos adotam o entendimento do “desenvolvimento sustentável” segundo o qual podemos apenas “reduzir” o impacto das nossas ações, nunca fazer algo “bom” para o meio-ambiente.

Inovações regenerativas

Na verdade, a gente vê isso hoje como um problema, porque boa parte da nossa população não tem acesso aos benefícios desse modelo de desenvolvimento. Por outro lado, também não participa da destruição ambiental que ele provoca.

Mas, talvez esse “subdesenvolvimento” possa ser uma benção oculta: como não construímos nossa infraestrutura segundo o “padrão europeu”, podemos inventar novas interfaces regenerativas com o meio-ambiente que assegurem a melhoria sócio-ambiental, a recuperação de áreas degradadas e garantam o bem-estar da sociedade.

Eu acredito que é muito provável que os países do Eixo Sul e dos BRICS façam o “pulo do sapo” (leapfrogging): sem ter construído o “velho normal” (dos países desenvolvidos), eles poderão inventar uma nova relação com o meio-ambiente, e talvez consigam construir novos modos de vida regenerativos que poderiam ser adotados pela maior parte da população global.

Ou seja, não precisaremos “rever” nossa práticas antigas e incompatíveis com o bem-viver e com o meio-ambiente: já vamos nos “desenvolver” segundo uma nova lógica regenerativa.

Em um próximo artigo dessa série, falarei sobre “a ilusão do trem do desenvolvimento”: nós não precisamos seguir os passos daqueles que chamamos de “países desenvolvidos”, podemos inventar nosso próprio futuro com autonomia.

Quem sabe, no futuro, olharemos para o patrimônio urbano e tecnológico da Europa, dos Estados Unidos e Japão, e acharemos aquilo tudo muito atrasado e defasado em relação às práticas amplamente adotadas no resto do mundo? E quem sabe seremos nós que teremos criados esse novo paradigma?

Se essa afirmação te parece estranha ou maluca, pense sobre a crise ecológica, lembre da ampla expansão da classe média global, e pondere sobre como seria lidar concretamente com a necessidade de reduzir drasticamente a pegada ecológica da humanidade…

Será que os “pequenos ajustes” que vêm sendo feitos conseguirão promover a transformação profunda que precisa acontecer no consumo, nos ciclos produtivos, nas matrizes tecnológicas e urbanas? Para quem acompanha a crise ecológica, está mais parecendo que vamos apenas empurrar essa crise para debaixo do tapete.

Para uma transformação profunda, novos protagonismos globais

Para começar, podemos pelo menos cogitar que países como o Brasil — habituado a uma longa história de coadjuvante no cenário global — se transforme em uma nação relevante em uma rede global de países independentes.

Acreditar nisso é passo inevitável para podermos assumir um papel de liderança nesse “novo ciclo global de inovação”.

Vislumbrando o “pulo do sapo”

Como, por exemplo, nossa obsoleta construção civil: ainda hoje, o paradigma tecnológico e ambiental para a construção dos edifícios e cidades é praticamente o mesmo da antiguidade. Tiramos pouco ou nenhum proveito da industrialização, construindo nossos edifícios de modo artesanal. Em todo o mundo, edifícios são concebidos como um objeto ineficiente, em geral incompatível com seu bioma e clima, e impossível de ser reciclado — edifícios quentes no verão e frios no inverno, cujo destino é a demolição e sucata.

Em outros setores, como a agricultura, energia, transportes, indústria e educação, vemos graus maiores ou menores de desenvolvimento — mas, em geral, sempre aquém do que será requerido pela “revolução regenerativa”.

Saneamento básico regenerativo.

Segundo a noção euro-cêntrica de desenvolvimento social e urbano, a meta dos países emergentes para a questão do saneamento deveria ser a ampla instalação de sistemas de esgotamento dos efluentes humanos: todos nossos dejetos deveriam ser coletados pelo sistema de esgoto e ser levados para um local em que sejam tratados.

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A instalação de sistemas de esgoto na Europa é um fato histórico amplamente conhecido, e está associado aos critérios de avaliação do meio urbano. À direita, mapa mundi com o “score” de acesso a água e saneamento: nota alguma semelhança com o mapa anterior? (Imagens: Sewer HistoryMapa Mundi — CIESIN/Columbia University.)

A construção de sistemas de tratamento de esgoto que cubram todo o meio urbano é ainda uma meta a ser alcançada nos países desenvolvidos, e muito rara nos países emergentes. Por que?

Porque é uma infraestrutura cara, que exige a implantação de uma vasta rede subterrânea de tubulações comumente apelidada de “escorregador de cocô”, porque utilizam a gravidade para levar os efluentes humanos para locais distantes de sua origem (o seu corpo e sua casa). Empurramos nossos problemas para outro lugar.

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Saneamento “esquizofrênico”. As regiões habitadas produzem efluentes que não são tratados de modo consistente (tratamento incompleto, tratamento inexistente, mistura de água tratada e sem tratamento). Essa água contaminada acaba voltando para as regiões habitadas, e é consumida. (Imagem: Bootstrap/CaioVassão.)

Mas há sempre o efeito bumerangue: em São Paulo, por exemplo, ainda hoje é comum a infecção da população por cloriformes fecais, até mesmo nas populações de alta renda, dada a grande quantidade de regiões afetadas por um sistema de esgoto e saneamento básico esquizofrênico.

Mas, além do sistema de esgoto, existem muitas outras opções para o tratamento dos dejetos humanos.

Por exemplo: podemos tratar o efluente dentro do lote onde é produzido. Sistemas de biodigestão permitem que fezes sejam convertidas em gás combustível e água cinza (não-tóxica) que pode ser utilizada em irrigação de jardins ou hortas.

No lugar de contaminar as bacias hidrográficas, podemos gerar energia elétrica no mesmo local em que as fezes são produzidas. Não precisamos de uma “vasta rede subterrânea” de tubos. Podemos resolver o “problema do cocô” dentro do lote onde moramos e trabalhamos.

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                Biodigestor compacto e um diagrama para a utilização do gás produzido para queima. (Imagens: Emas Consultoria.)

Além disso, podemos contribuir para reduzir o efeito estufa transformando os gases do efluente (gás metano, por exemplo) em gás carbônico, por meio da sua queima: o impacto do gás metano é 30 vezes maior para o efeito estufa do que o gás carbônico. Todo efluente animal (humano ou não) produz gás metano; é melhor queimá-lo o mais rápido possível (para produção de energia elétrica ou como gás de cozinha).

É importante frisar que a “inovação” de usar o biodigestor como infraestrutura urbana não é tecnológica: a “tecnologia biodigestão” é muito bem conhecida e aplicada em outros contextos que não o da infraestrutura urbana, como na criação de suínos, por exemplo.

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Biodigestor em uma propriedade rural. Hoje, é muito comum a utilização de biodigestores associados à produção rural e suinocultura. Em alguns casos, chega-se a ter mais rendimentos com energia elétrica do que com a produção agropecuária. (Imagem: Marco Paulo Bahia Diniz.)

A dificuldade para dar esse “pulo do sapo” e tornar a biodigestão um padrão de infraestrutura urbana é a de construir um ecossistema social e tecnológico que organize todas as relações necessárias para que o “serviço biodigestão” funcione:

  • Quem fará a manutenção dos equipamentos dentro dos lotes urbanos?
  • Como será feita a precificação do “serviço biodigestão”?
  • Como organizar um sistema integrado de fornecimento de energia elétrica, conectado a smart-grids e capaz de participar do “balanço de carga” nas redes elétricas do futuro?
  • Como organizar o sistema para que qualquer usuário “leigo” seja capaz de utilizá-lo com a mesma facilidade com que utiliza, hoje, o vaso sanitário da sua casa?

Até certo ponto, todos os aspectos tecnológicos estão resolvidos. O que falta é criar e desenvolver o “serviço biodigestão”: compreender e implementar a organização de empresas e órgãos públicos que sejam capazes de gerenciar uma vasta rede de biodigestores conectados a um sistema de inteligência e gestão energética, garantindo a segurança e o conforto dos usuários.

Para superar a “rede de esgoto”, a gente precisa conectar o serviço urbano de biodigestão a uma “rede de inteligência” que permita monitoramento 24 horas, sistemas de alerta, uma frota de especialistas em manutenção, etc.

Trata-se do desenho de um serviço: o desafio é de design — trata-se de inovação social e organizacional.

Outro ecossistema de mobilidade urbana

Um exemplo está nos sistemas de transportes: há muitos anos desenvolvi, em colaboração com o arquiteto Marcus Del Mastro, o projeto Pocket Car.

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Pocket Car. À esquerda, a concepção do veículo. À direita, a transformação urbana que vislumbramos: a vias de trânsito poderiam transformar-se completamente. (Imagens: Caio Vassão e Marcus Del Mastro.)

Nossa meta não era fabricar o veículo em si, mas demonstrar um novo tipo de vida urbana pautada por um ecossistema de mobilidade mais variado, sustentável e focado na “vida a pé”: o veículo que projetamos seria um “catalisador” para uma outra série de transformações urbanas que poderiam converter as cidades em ambientes acolhedores para a vida social, uma cidade mais silenciosa, uma vida urbana amigável e leve, longe do risco constante de atropelamento, e com tremenda redução da emissão de gases de efeito estufa.

Também, como no caso do biodigestor, o maior desafio dos sistemas regenerativos de mobilidade urbana não é o tecnológico, e sim social, organizacional e cultural. A viabilidade e o sucesso de uma proposta como a do Pocket Car depende de criar uma rede de inovações interligadas que funcionem para não apenas “melhorar” o meio urbano, mas transformá-lo de modo radical: sistemas de veículos autônomos, navegação automática, sistemas de cobrança automática por tempo de uso, planejamento de rotas e integração com outras modalidades de transportes, etc.

Muitas dessas inovações apareceram na sociedade e se tornaram comuns desde a proposta do Pocket Car em 2008: o próprio conceito do “mobility as a service” é muito alinhado com essa constelação de serviços e inovações que o Pocket Car requeria.

Mas, ainda falta a parte mais importante: a reorganização do ecossistema de transportes para que possamos tornar o automóvel tradicional obsoleto e, assim, permitir que a cidade se reorganize em torno da vida que circula a pé, na escala do bairro e dos encontros de vizinhança.

Na época, dizíamos que o Pocket Car poderia ser visto pela população como ela vê um banco de praça: comum, disponível, conveniente e abundante. E não como um produto a ser possuído por seus usuários. Essa é uma mudança radical da noção de mobilidade urbana. Mas, desde então, os sistemas de bike- e car-sharing se tornaram mais comuns, assim como os patinetes e a mobilidade integrada.

Falta ainda a transformação das ruas e avenidas: de vias perigosas e barulhentas, em parques lineares, ladeados por cafés, restaurantes e comércio local, crianças brincando e idosos passeando na sombra das árvores.

Pocket Car não teria como fazer isso sozinho, mas ele seria um dos elementos catalisadores dessa transformação.

Inovação regenerativa e o futuro da espécie

Podemos ir além: compreender que a inovação pode ser um motor para reinventarmos nossa relação com o meio-ambiente e promover bem-estar social de um modo radical e comprometido com o futuro do “evento humano”.

Esse propósito não é necessariamente incompatível com o lucro e o empreendedorismo. Na verdade, veremos nos próximos artigos que estamos entrando em um período histórico em que desenvolver inovações regenerativas pode ser uma das condições necessárias para o sucesso de um empreendimento.

Mas, enquanto o único motivador da inovação for o retorno de investimento em detrimento de todos os outros aspectos, é provável que, em alguns anos, nem isso seja possível: quando o ambiente estiver devastado ao ponto da inviabilidade da sobrevivência da humanidade, pensar em lucro será nossa última preocupação.

A hora de mudar é agora.

Para ler o segundo texto da série, sobre a Economia Pós-industrial, clique aqui.

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*Caio Vassão é consultor, professor, pesquisador e head de inovação na Kyvo.

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