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Não existe mais desculpa: ESG é fundamental

Capacitação, inclusão e diversidade são fundamentais para alcançar a inovação

Nunca se falou tanto em tecnologias emergentes, novos modelos de trabalho e ESG, especialmente no que diz respeito à inclusão, como se fala agora. A temática, com toda razão, se tornou central no mundo corporativo diante de um cenário de informação fluida e ágil e de ações em busca de uma sociedade que quer pôr em prática igualdade, equidade e cuidado com o planeta onde vivemos. 

Entretanto, devido aos justos holofotes direcionados ao tema, noto que algumas empresas implementam iniciativas fake apenas como vitrine, com o objetivo de ter argumentos quando questionadas sobre o assunto. Digo fake pois ainda é muito comum vermos por aí projetos sem real intenção de melhorar a vida das pessoas e da sociedade, que apenas tapam o sol com a peneira para que aquela empresa não se torne inadequada ao que as pessoas esperam dela. O problema dessa estratégia errônea é que, atualmente, sem iniciativas realmente aprofundadas no universo ESG, além de enfraquecer sua reputação, as empresas chegam a piores resultados.

Uma pesquisa realizada em 2021 pela Gartner aponta, por exemplo, que apenas 44% dos colaboradores confiam em seus líderes para navegar bem numa crise e que essa falta de confiança na liderança também é prejudicada pela falta de diversidade. A pesquisa cita que nos Estados Unidos apenas 10% dos cargos de nível sênior são ocupados por mulheres negras ou de alguma minoria étnica e apenas 18% são ocupados por homens com essas características. Não podemos mais aceitar que dados como esse ainda sejam realidade. É preciso instaurar programas profundamente comprometidos com a inclusão social no dia a dia das organizações.

Na Kyvo estamos atentos a questões relacionadas ao tema ESG e temos realizado projetos com esse foco desde 2017, quando fomos parceiros do projeto Moara. Fizemos a mentoria de negócios para o Carreira Preta e, mais recentemente, criamos o programa Dagbá – Líderes do Futuro, junto à Ambev, um projeto que pretende equilibrar a linha de comando da empresa por meio de trilhas de autonomia profissional e pessoal, visando desenvolver a carreira de colaboradores negros.

Outro ponto de atenção, no que diz respeito à diversidade, é que novas formas de trabalho se tornaram possíveis devido à aceleração digital.  O trabalho remoto possibilita que o conjunto de talentos de uma empresa seja mais diversificado e multi-regional, já que os profissionais estão mais acessíveis. Isso permite que novos níveis de inovação sejam alcançados, pois quanto maior a diversidade, inclusão e equidade, mais enriquecedor o ambiente das organizações tende a se tornar. A pesquisa da KPMG de 2021 que citei também no primeiro artigo dessa série, diz que 30% dos executivos sêniores estão investindo 10% de suas empresas em iniciativas ESG até 2024.

Capacitação também é uma ferramenta importante para processos inovativos que deve ser uma das bases de gestão no momento. Estrategicamente, a área de gestão de pessoas tem um campo fértil para atuar, estando sempre de olho no que um colaborador ou grupo de colaboradores carecem e podem se aprimorar. Promover a educação dentro da empresa também é pilar fundamental de quem pensa em se atualizar. Nós, da Kyvo pudemos notar a potência de projetos de capacitação em recente trabalho que fizemos junto a Cyrela. Neste programa desenvolvido por nós, foram selecionados colaboradores da empresa para desenvolver projetos de inovação a partir de ferramentas e conteúdos que fornecemos para que seus projetos pudessem avançar. Vários desses projetos foram selecionados para sair do papel, mas o mais interessante foi perceber os benefícios da jornada de aprendizagem e como essa cultura de inovação foi espalhada para a empresa. 

Como falei nos artigos anteriores desta série, a área de Recursos Humanos ou, como prefiro chamar, o DHO, está em indiscutivelmente em processo de transformação e tem papel fundamental no processo de transformação da cultura organizacional para que um cenário corporativo mais saudável seja alcançado. Mudar o modus operandi de uma empresa e voltá-la para a inovação transformadora exige esforço e planejamento e a pressão causada pela aceleração contemporânea não torna este processo simples, deixando muitos líderes e profissionais sem saber por onde começar. Muitas vezes é preciso que um projeto personalizado seja desenhado por profissionais capacitados para que se consiga pôr em prática essa inovação. É por isso que acredito tanto no design estratégico como abordagem ideal para chegar lá.

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*Hilton Menezes é fundador e CEO da Kyvo. Tem especializações em Negócios, Design e Computação. Atua com o ecossistema empreendedor coordenando programas de transformação organizacional, intraempreendedorismo e inovação aberta. É cofundador da Service Design Network Brazil e do @movimentomoara, dedicado a fomentar a inovação para a sustentabilidade e regenerabilidade na Bacia Amazônica.