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Inovação aberta e ágil: Como o design e metodologias ágeis impulsionam a colaboração com startups

Breve introdução sobre o conceito de inovação aberta e sua relevância no cenário empresarial brasileiro

A inovação é um elemento chave no avanço das empresas e, por extensão, da economia. No Brasil, uma pesquisa recente revelou o crescente reconhecimento da Inovação Aberta dentro das organizações. Mais de 80% dos entrevistados em posições de liderança indicam que a Inovação Aberta já faz parte da agenda estratégica das empresas brasileiras. A pesquisa também aponta que a maioria das empresas brasileiras ainda está em estágios iniciais de adoção da inovação aberta. Isso sugere um amplo campo de oportunidades ainda a ser explorado.

Como o design e as metodologias ágeis contribuem para o sucesso dos programas de inovação aberta.

A combinação de design estratégico e metodologias ágeis é crucial para o sucesso dos programas de Inovação Aberta. O design estratégico, centrado no usuário, orienta a identificação precisa dos desafios de negócios, enquanto as metodologias ágeis agilizam o desenvolvimento e a adaptação de soluções. Juntas, essas abordagens promovem uma colaboração eficiente e resultados impactantes, tornando-se elementos indispensáveis para empresas que almejam liderar em um ambiente de inovação dinâmico e colaborativo.

Entendendo a inovação aberta

A inovação aberta, diferenciando-se significativamente da inovação fechada, é um processo colaborativo que envolve diversos atores do ecossistema, como startups, pesquisadores e governos, buscando soluções comuns. Enquanto a inovação fechada se concentra no desenvolvimento interno de soluções, a inovação aberta promove a troca de conhecimentos e recursos, acelerando assim a inovação. Na prática, este modelo se manifesta na forma de parcerias bem-sucedidas com startups, que oferecem às empresas tradicionais acesso a novas tecnologias, talentos e abordagens ágeis, ao mesmo tempo que permitem às startups expandirem suas redes e capacidades. Este intercâmbio não só impulsiona a inovação, mas também melhora a reputação e o valor da marca das corporações envolvidas, solidificando-as como entidades inovadoras no mercado.

Exemplos de ações bem-sucedidas de inovação aberta no Brasil

A jornada da inovação aberta no Brasil é marcada por iniciativas pioneiras e bem-sucedidas, com diversos hubs de inovação desempenhando um papel crucial nesse ecossistema. Apresentamos alguns exemplos, destacando suas contribuições:

Porto Digital (Recife): Inaugurado em 2000, é o maior parque tecnológico urbano do Brasil. Com mais de 350 empresas e 17 mil profissionais, é um polo de inovação e desenvolvimento tecnológico, integrando governo, empresas e organizações de fomento.

Cubo Itaú (São Paulo): Fundado em 2015, o Cubo Itaú se estabeleceu como uma comunidade focada na curadoria de startups com alto potencial de escalabilidade. Ele reúne empreendedores, corporações, investidores e talentos diversos, impulsionando o cenário de inovação tecnológica no país.

inovaBra Habitat (São Paulo): Criado pelo Bradesco em 2018, o inovaBra Habitat é um espaço de inovação compartilhada que reúne startups, fornecedores de tecnologia, grandes empresas e investidores. O hub visa integrar e aplicar novas tecnologias ao negócio bancário dentro outros.

CIVI-CO (São Paulo): Especializado em negócios e instituições de impacto social, o CIVI-CO, ativo desde 2017, concentra-se em fomentar o empreendedorismo social. Ele engaja a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada em causas alinhadas às práticas ESG e aos ODS da Agenda 2030 da ONU.

BrazilLAB: Lançado em 2016, o BrazilLAB é o primeiro hub de inovação GovTech do Brasil, focado em conectar startups ao setor público. Ele atua para promover a inovação pública e a transformação digital, engajando líderes públicos e empreendedores em prol de uma agenda de inovação para o setor.

Em um estudo conduzido pela Kyvo em 2022, observa-se um amadurecimento significativo dos ecossistemas de inovação no Brasil. Esta evolução foi chamada no relatório de Hubs de inovação 2.0, trazendo exemplos de iniciativas que não desde o matchmaking ao  Corporate Venture Capital (CVC).

O Papel do design e das metodologias ágeis

As metodologias ágeis e o design estratégico representam ferramentas fundamentais na identificação eficaz de problemas de negócios. As metodologias ágeis, com sua ênfase na interação rápida, adaptabilidade e feedback contínuo, permitem às empresas responder agilmente às mudanças do mercado e às necessidades dos clientes. Por outro lado, o design estratégico, com sua abordagem centrada no usuário, facilita a compreensão profunda das necessidades e desejos dos clientes, contribuindo para o desenvolvimento de soluções mais alinhadas e eficazes. Juntas, essas abordagens incentivam uma cultura de inovação constante, onde a identificação e resolução de problemas acontecem de maneira colaborativa e orientada por dados.

Conforme destacado em um report especial que traz práticas empresariais onde o design e inovação são peças importantes para os negócios, Maurício Manhães, coordenador de Design de Serviço da Savannah College of Art and Design (SCAD), afirma que: “empresas com mais pessoas de design reagiram melhor a pandemia do COVID-19, por causa da questão da adaptabilidade que a mentalidade do design traz”. No entanto, para a diretora superintendente do Centro Brasil Design (CBD) Letícia Castro, o design ainda não é visto de forma estratégica pelas empresas. Mesmo assim, a diretora do CBD afirma que quando os líderes das empresas entram em contato com este universo, o design se prova como uma boa ferramenta de trabalho. 

O relatório também traz exemplos valiosos com os cases da Bayer que relata como o design ajudou agricultores e diversos parceiros do agronegócio e cocriar um ecossistema de carbono no Brasil e da Visa, que em 2016 criou um departamento de design para auxiliar seus profissionais na elaboração de novas ofertas para o mercado. Era o início da transição de um design voltado à execução de projetos de interfaces digitais e projetos gráficos para o desenvolvimento de novas soluções, ficando assim no centro da estratégia corporativa.

Exemplos práticos de como essas metodologias são aplicadas em programas de inovação aberta.

Entretanto, como um exemplo de parceria eficiente em inovação aberta, destacamos a experiência do Banco Carrefour com o Startup Jam da Kyvo. Charles Scheitzer, head de inovação do Banco Carrefour, descreve o Startup Jam como uma metodologia eficaz na busca de novas tecnologias e competências para enfrentar desafios atuais de negócios. O processo envolve a reunião de áreas de negócios, tecnologia e startups, com um plano de fundo focado no design para analisar problemas antes de decidir sobre a continuidade com as startups. A decisão é tomada rapidamente, e as startups selecionadas recebem um período de dois a três meses e um investimento inicial para desenvolver uma prova de conceito (PoC). Este método permitiu ao Banco Carrefour testar cerca de 50 startups por ano, com uma taxa de implementação significativa.

Conclusão

A inovação aberta é uma estratégia cada vez mais adotada pelas empresas brasileiras, que buscam se manter competitivas em um cenário globalizado e dinâmico. A combinação de design estratégico e metodologias ágeis é um elemento essencial para o sucesso dos programas de inovação aberta, pois permite às empresas identificar e resolver problemas de negócios de forma eficaz e colaborativa.

Para aproveitar ao máximo o potencial da inovação aberta, as empresas devem investir no desenvolvimento de uma cultura de inovação colaborativa e orientada por dados. O design estratégico e as metodologias ágeis são ferramentas poderosas que podem ajudar as empresas a atingir esse objetivo.