Pergunte a um executivo de uma grande corporação qual é a estratégia da empresa dele para buscar inovação. Dificilmente você irá se deparar com alguém alheio a investimentos em startups. E a razão é mais simples do que parece. Só para ficar em um aspecto desse movimento, veja a revolução causada por aplicativos de smartphones para os mais diversos setores, como bancos, transporte de passageiros (Uber, Easy Taxi…), telefonia (Whatsapp, viber…), entre outros. Pois é, fica fácil entender porque tantos correm TANTO para inovar hoje em dia.
Neste sentido, os programas de aceleração organizados por grandes empresas se tornam cada vez mais recorrentes. O que antes era algo restrito a aceleradoras focadas em fazer a ponte com investidores com alto apetite por risco, se tornou parte importante da estratégia de inovação dessas corporações.
Na Kyvo, temos atuado com programas desse tipo formatados para empresas de médio e grande porte. Junto com o centro de inovação americano GSVlabs, estruturamos o Track, para a Visa. E mais recentemente iniciamos o Starter, com a EDP Brasil, que tem inscrições abertas até o dia 14 de julho. Também fazemos a ponte com investidores, mas é com as empresas que temos vislumbrado mais possibilidades para as startups. E o sentimento é recíproco.
Vejo nesses programas de grandes corporações empreendedores em diferentes estágios de desenvolvimento. Desde um executivo altamente qualificado, com histórico de ter sido CEO de uma empresa com faturamento na casa do bilhão de reais, passando por empreendedores escolados com acertos e erros em seus negócios, até novatos em busca de investimentos e referências para alçarem novos patamares. Por quê? Listo a seguir cinco motivos:
1 – Atalho para fazer negócios: em uma empresa tradicional, se tornar um fornecedor nem sempre é algo simples, sobretudo se o seu produto é algo que muitas vezes ainda está em fase experimental. Mas ao ser acelerado, o empreendedor tem a chance de mostrar seu potencial para um público seleto e ao mesmo tempo se adaptar ao que a empresa busca no mercado. Diria que é como ser um treinee. Só é selecionado quem mostra grande potencial.
2 – Apoio de consultorias especializadas: uma boa ideia ou serviço não significa qualidade na gestão. Para isso, os programas patrocinados por grandes empresas contam com consultorias especializadas na estruturação corporativa e que, preferencialmente, devem atuar também no desenvolvimento do produto ou serviço proposto. Isso se traduz em apoio nas áreas jurídica, gestão financeira, recursos humanos, design de serviços e comportamento do consumidor.
3 – Networking: um bom programa de aceleração coloca os principais executivos da companhia, inclusive o CEO, na preparação das startups. E passar por esses crivos é uma experiência única.
4 – Contrapartidas: diferentemente do que acontece com um fundo de venture capital e investidores-anjo em geral, nem sempre é exigida uma participação acionária aos empreendedores. Isso é essencial para conseguir startups em estágio avançado para os programas. Já para as empresas, vale o acesso privilegiado a potenciais fornecedores de inovação.
5 – Internacionalização: a inovação que uma startup traz a uma empresa brasileira pode muito bem servir a outros mercados. Não apenas emergentes. Recorro ao exemplo do Starter, da EDP. O programa teve origem em Portugal e neste ano estreia no Brasil. Nos dois países, as áreas de atuação da empresa são as mesmas. Multiplicam-se as oportunidades.