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Nextone fala sobre mudança para os EUA em artigo no Startupi

Fintech acelerada pelo Track, realizado pela Visa em parceria com a Kyvo, fala sobre transferência da sede para os Estados Unidos em artigo publicado no Startupi

* Por Cristiano Maschio

É chover no molhado enaltecer o tamanho do mercado consumidor brasileiro ao compará-lo com outros países. Com frequência as operações de multinacionais no país representam mais de 5% de seus resultados globais. Participação relevante, ainda mais se levarmos em conta o potencial de crescimento do nosso mercado e a influência negativa que casos de corrupção e desigualdade exercem no nosso desempenho. E para uma startup brasileira, é vantagem? Acredito que há duas maneiras de responder essa questão.

A primeira é assumir que, com pouco mais de 200 milhões de habitantes, há muita oportunidade no Brasil antes de se pensar em internacionalização da startup. Está errado? Não. Afinal, a maturação do negócio ainda nem é uma realidade. Mas, em um momento em que as soluções utilizam cada vez mais big data e a experiência do usuário como essência, por que restringir seu potencial apenas ao Brasil, por maior que ele seja? Decidi levar essa inquietação a sério, transferindo a sede da Next One para o Vale do Silício.

Somos uma plataforma focada em aumentar a receita de variados segmentos através da desburocratização para a comercialização de seguros e outros serviços financeiros. Um tipo de solução que se aplica a praticamente qualquer mercado.

Pois bem, a jornada até esse ponto de inflexão começou com a participação em um programa de aceleração, o Track, realizado pela Visa em parceria com a GSVLabs e a Kyvo. Após dois meses de mentorias em São Paulo, as cinco fintechs selecionadas, e a Next One é uma delas, partiram para o Vale. Por lá, o objetivo era ter contato com o ambiente empreendedor, de fundos de investimento de venture capital a centros de inovação, passando por bancos e outras empresas da região. Basicamente, o sonho de todo empreendedor.

Chegamos com uma visão local, focada no Brasil e, depois de um mês, voltamos de lá com uma empresa totalmente reformulada a aberta para o mundo. Percebemos que o que foi criado aqui pode ser experimentado e aplicado em qualquer outro lugar. E que as barreiras mais importantes para se enfrentar no dia a dia não são físicas ou burocráticas, mas sim mentais. Ajustar esse mindset foi fundamental para tomarmos a decisão de partir de uma arquitetura local para global.

Para ser mais objetivo, cito duas experiências marcantes que a imersão no Vale me proporcionou:

1) Conceito “no fricction”, que te permite ter uma experiência de consumo mais agradável, sem processos e burocracias do dia-a-dia.

2) O Poder do Off-line. O verdadeiro motor do Vale não esta na tecnologia criada, mas sim nas conexões que acontecem nas relações entre as pessoas. Um networking avassalador.

Obviamente optar por transferir a sede para o Vale não é sinônimo de sucesso. Mas acredito que vale investir na ponte-aérea EUA-Brasil para poder apostar nos dois mercados simultaneamente. Assim como disse no início que falar do tamanho do mercado brasileiro era chover no molhado, ressaltar a cultura empreendedora existente na Califórnia é ainda mais redundante. Porém, nem sempre isso parece tão óbvio ao empreendedor. Só estando lá para entender que a lógica a partir dali é pensar global. É assim que os universitários pensam, os fundos de investimento compram participações e as grandes corporações enxergam a importância das startups para impulsionar a inovação. Por que não mudar?

* Cristiano Maschio é sócio-fundador da Next One, startup do programa de aceleração realizado pela Visa do Brasil

Artigo publicado originalmente no Portal Startupi