Pensar em internacionalização passa por uma imersão no Vale do Silício
*Por Daniel Mendes
Mapeamento de perfis de consumidores para pesquisas de mercado e ações de marketing, validação de identidade para bancos e scores de crédito mais específicos para reduzir casos de inadimplência. São todos exemplos de temas ligados à estruturação de dados e que rondam o dia a dia de governos, grandes empresas e pequenos empreendedores mundo afora.
Por que não buscar uma solução aplicável a diversos mercados de diferentes países, atendendo a empresas consolidadas ou em estágio inicial? Esse foi o principal questionamento que tive durante uma incursão recente ao Vale do Silício, parte do programa de aceleração da Visa, do qual a DATAHOLICS faz parte.
Embarquei de São Paulo para São Francisco com a expectativa de trocar experiências com startups e testar a percepção de investidores estrangeiros sobre as nossas soluções. Um movimento que, felizmente, e não só na nossa área, vem se tornando parte da rotina dos empreendedores brasileiros.
Nas conversas com empreendedores e investidores como o Alessio Alionço, fundador e CEO da Pipefy, empresa que atua no gerenciamento de processos corporativos, e Marcos Nader, vice-presidente da DocuSign, voltada à certificação digital, foi possível ajustar os planos de internacionalização. Ambos estão baseados no Vale do Silício e contaram que de lá conseguem atuar em diversos mercados, não apenas no americano. A cultura de inovação e empreendedorismo é muito forte e esse ambiente incentiva a internacionalização das empresas ainda em estágio inicial. Hoje a ferramenta da Pipefy é utilizada por empresas de 140 países.
No nosso caso, a experiência ajudou a enxergar de forma mais clara que os mercados americano e europeu não precisam ser as primeiras opções para a DATAHOLICS, pois já são mercados bastante desenvolvidos em questões como credit scoring e possuem uma regulação complexa de acesso a dados não estruturados da web e redes sociais. E há mercados mais carentes em credit scoring em outros países da América Latina e da Ásia, vários com diversas similaridades com o Brasil.
Além disso, nos trouxe uma visão mais assertiva do mercado de identificação de pessoas para antifraude e uso do Blockchain como certificador de identidades validadas pela plataforma. Por fim, fizemos contatos e conexões que já se mostraram válidas para nos ajudar a crescer no mercado brasileiro.
A interação com profissionais, especificamente no Google Launchpad, e com empreendedores estrangeiros erradicados no Vale do Silício, foi outro ponto alto da temporada. Vários nos alertaram para o fato de que a maioria dos investidores de lá olham com mais atenção para negócios que tenham representação e que possam se desenvolver no mercado deles. Isso obviamente não é uma regra. Mas nos faz valorizar ainda mais a interlocução com investidores do Brasil, América a Latina e Ásia.
De volta ao Brasil, temos incorporado todos esses feed backs ao nosso dia a dia. Já com maior segurança do modelo de negócio e demanda dos nossos produtos, mas, principalmente, com a certeza de que pensar em uma escala internacional é algo bem mais próximo do que sempre imaginamos.
*Daniel Mendes é sócio-fundador da Dataholics, startup do programa de aceleração Track, realizado pela Visa do Brasil em parceria com a Kyvo Design-driven Innovation
Artigo originalmente publicado no Portal Startupi.