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A Jornada das Startups: feat. Sepultura – por Leo Ferreira

O que a trajetória da banda de rock pesado mais importante do Brasil tem a ensinar para as startups?

Por Leo Ferreira, gerente dos programas de aceleração da Kyvo.

Calma. Vou explicar.

Só hoje assisti ao documentário “Endurance” (disponível no Netflix) lançado em 2017 contando a história dos 30 anos do Sepultura, uma das maiores (se não a maior) e mais influente banda de rock pesado que o Brasil já teve. E fui percebendo várias semelhanças com as jornadas de startups que tenho encontrado no mercado.

Vou citar alguns desses pontos abaixo e tentar fazer um paralelo rápido com alguns conceitos (os deixarei em Negrito para quem quiser pesquisar um pouco mais) e desafios que as startups encontram pelo seu doloroso caminho:

1- Jairo Guedes (primeiro guitarrista) disse que na primeira vez que viu o Sepultura tocando, eles eram MUITO ruins. >> Design >> No começo da jornada, mesmo com uma visão clara do que querem ser, as startups tendem a ter produtos ainda falhos e com vários de pontos a serem melhorados, pois muita coisa é feita apenas com a intuição.

2- No começo da carreira, o dinheiro que tinham para ir à escola era utilizado para, na verdade, enviar fitas demo para fanzines e rádios na Europa e Estados Unidos. >> Bootstrapping e Globalização >> Qual startup não precisou usar recursos financeiros dos seus fundadores? Qual startup não cogitou, mesmo que rapidamente, atingir grandes mercados internacionais?

3- Essa fita demo “Bestial Devastation” era muito mal gravada, mas transmitia a essência do Sepultura. >> MVP (Minimum Viable Product) >> É o ideal? Claro que não. Tinha erros, bugs e falhas. Mas julgavam como suficiente para testar o valor da sua oferta. Deu certo.

4- A produção gráfica do seu segundo disco oficial, “Schizophrenia”, foi impecável para uma banda de metal da época, e apoiada por uma pequena loja de discos em Belo Horizonte (sua terra natal). >> Product Market-Fit & Investimento-Anjo >> Em um determinado momento, a startup identifica um gap no mercado e atua nele com todas as suas forças. Além disso, investimentos-anjo (feitos bem no início do negócio) ajudam a levar a startup para outro patamar.

5- Max Cavalera, vocalista/guitarrista/fundador/principal rosto na mídia, passou a se relacionar e casou-se com Gloria, então manager do Sepultura. Essa relação passou a desgastar a banda fazendo com que Max fosse demitido (junto com Glória), em 1996. >> Conflitos >> Em uma startup, conflitos são inevitáveis: concordar, ou não, com um determinado Valuation? Aceitar, ou não, determinado sócio? Pivotar ou não seu produto? Muitas vezes isso leva à saída de membros importantes do time, e pode levar ao término da startup.

Mas o Sepultura conseguiu superar esses desafios e se tornou o fenômeno que influenciou (e influencia) tanta gente no mundo do Heavy Metal. Receberam elogios de, entre vários outros ícones, Lemmy Kilmister, Corey Taylor, Phil Anselmo, Lars Ulrich, Scott Ian, foram headliners do Rock In Rio em diversas edições, venderam milhões de álbuns, tocaram em 76 países e – talvez o mais difícil – agradam de Punks a Metaleiros. Dá pra dizer que o Sepultura se tornou um Unicórnio.