Nunca se falou tanto em Fintechs — as startups focadas no setor bancário e financeiro — como em 2016. As razões são simples de entender. Basicamente trata-se de um mercado que movimentou pouco mais de US$ 14 bilhões em investimentos no ano passado só nos Estados Unidos, segundo estimativas da consultoria KPMG, e que tem potencial para movimentar mais de US$ 100 bilhões nos próximos quatros anos. Ainda não é gigante, mas a chance de se tornar é enorme.
No Brasil, o cenário também é efervescente. Veja o exemplo da operadora de cartões de crédito brasileira Nubank, lançada há pouco mais de dois anos. O sucesso arrebatador (mais de 3 milhões de pessoas já pediram o cartão) foi conquistado graças às tarifas de administração e de juros mais baixas que o mercado. Uma iniciativa tão bem sucedida que a simples possibilidade de o Banco Central mudar as regras para o setor, reduzindo o prazo para as operadoras pagarem os lojistas, o que prejudica o modelo de negócios da Nubank, foi o suficiente para causar comoção nas redes sociais.
Para quem quer empreender na área, vale ficar atento às diversas oportunidades que vêm surgindo. No início do ano, a BM&FBovespa, junto com a XP Investimentos e a Educity, realizaram um hackathon durante um fim de semana em São Paulo que resultou na criação de 16 projetos, todos voltados ao setor financeiro. No Startup Weekend, os três projetos mais bem avaliados foram do setor financeiro.
Há mais de 200 iniciativas no setor, segundo relatório recente do Radar FintechLab, sendo que 70% delas já estão em fase operacional e faturam, juntas, cerca de R$ 173 milhões. Ou seja, com clientes ativos. Outro dado interessante é que 1 em cada 5 dessas fintechs já tem mais de 20 funcionários. Números que, se comparado ao tamanho do dessas iniciativas nos Estados Unidos, soam tímidos. Mas ao mesmo tempo são animadores se considerarmos o potencial de crescimento do nosso mercado.
A seguir, nós da Kyvo listamos dez das principais fintechs do Brasil e do exterior em 2016. O que não falta são histórias inspiradoras em um setor que há muito tempo se fala da necessidade de inovar.
Nubank
Tinha que ser a estrela da lista! Não é sempre que uma empresa com dois anos desde sua fundação conquista tanto clientes fiéis. São 3 milhões de pessoas, em um setor que no Brasil é praticamente exclusivo dos grandes bancos. Seu CEO, o colombiano David Veléz, disse recentemente em evento da Endeavor que o que mais ouviu desde que chegou ao cargo foi que no Brasil não poderia ser feito o que o Nubank se propunha.
Viva Real
A KPMG elegeu, em outubro deste ano, as 100 fintechs mais inovadoras do mundo. Entre elas, três startups brasileiras: Nubank, Guiabolso e Viva Real. O marketplace de imóveis VivaReal ficou na 46ª posição. O destaque dado pela KPMG para a fintech fundada em 2009 é o fato dela conectar mais de 1.8 milhão de pessoas interessadas em comprar, vender ou alugar imóveis.
Guia Bolso
A terceira startup brasileira no ranking da KPMG (75 colocada na classificação geral) é um serviço de controle financeiro pessoal. Criada em 2012 pelos empreendedores Benjamin Gleason e Thiago Alvarez, já captou mais de R$ 90 milhões com investidores. O caminho, disseram os fundadores, não foi fácil: antes de conseguirem os investimentos, receberam nada menos do que 60 “nãos”.
Ant Financial
O top do ranking Fintech 100 é ocupado por essa startup chinesa focada em meios de pagamento. Mas aqui a brincadeira é de gente grande, muito grande. Criada dentro do Alibaba, a Ant Financial já vale mais de US$ 60 bilhões. O Facebook vale US$ 362 bilhões.
Neon
A proposta aqui também foca em reduzir os custos bancários dos correntistas brasileiros. Como? Serviço totalmente digital e a opção da empresa de não oferecer crédito aos clientes, a maioria jovens. Mas como todo banco, o Neon também tem suas tarifas para saques e outras movimentações. Em entrevista recente, o CEO e um dos fundadores do Neon, Pedro Conrade, disse que já são mais de dez mil clientes ativos. Tudo isso em menos de 9 meses de operação.
SoFi
Nos últimos meses, o bilionário americano Peter Thiel se notabilizou pelo apoio ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mas é sua história como fundador do PayPal e investidor do Facebook que impulsiona a SoFi, fintech focada em uma plataforma online de empréstimos. Ele é um dos principais investidores, junto com o Softbank. A SoFi, que fez muito barulho ao ser um dos anunciantes da última edição do Super Bowl, tem uma carteira de crédito de mais de US$ 5 bilhões, dividida entre mais de 170 mil correntistas.
Kensho
Esse software de inteligência artificial se propõe a uma tarefa hercúlea: analisar eventos importantes para o mercado financeiro, responder ao questionamento de investidores e elaborar relatórios tentando prever novas tendências. É quase o Siri das bolsas de valores. Acha loucura? O Goldman Sachs não.
Square
O fundador do Twitter, Jack Dorsey, está sendo pressionado pelos acionistas a deixar o comando da Square, especializada em meios de pagamentos, para se dedicar exclusivamente à rede social. Decisão difícil, pois ambas ainda não são lucrativas, mas, mesmo menor, a Square parece ter mais potencial de ser rentável no curto prazo. Vale US$ 5,1 bilhões, contra US$ 12,2 bilhões do Twitter.
Black Swan
O termo Black Swan se tornou popular na crise econômica de 2007, nos Estados Unidos, para classificar eventos não previstos pelo mercado. Não à toa, o objetivo dessa startup israelense é, com base em Big Data e computação cognitiva, fazer análises de riscos para governos e instituições financeiras.
Conta Azul
A fintech de Santa Catarina que facilita a gestão financeira para empresas e contadores já atendeu mais de 500 mil empresas desde que foi fundada, em 2007. Hoje é apontada como uma das mais promissoras do Brasil.