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Cultura do Design, o que é e por que motivo se tornou uma uma questão fundamental para as organizações

John Maeda está para o design assim como Warren Buffet está para o mundo financeiro. A definição foi dada no inicio de 2017 pela revista americana Wired, que analisou o mais recente relatório sobre design e inovação produzido por Maeda.

O presidente da Rhode Island School of Design e ex-professor do MIT citou, entre outro aspectos, a promoção de designers para cargos de nível superior em empresas como a McKinsey ou a IBM e a adopção da disciplina do Design Thinking nas principais universidades do mundo como evidências claras da relevância e importância do tema. 

Mas porque motivo expressões como design de serviços, design de interação, desing thinking e user experience (UX) se tornaram tão importantes para as organizações nos dias que correm?

A resposta passa pela colocação do consumidor em primeiro plano, de forma a aperfeiçoar o serviço que é entregue e ao mesmo tempo reduzir custos de forma a tornar a organização mais eficiente. Isto é a cultura corporativa orientada pelo design. Importante salientar, que isto acontece num cenário macro em que a busca para ser mais digital é um ponto fundamental em qualquer ramo de actividade.

Para demonstrar estas questões recorro ao turismo e a toda a cadeia de serviços que o rodeia, transformada radicalmente na ultima década. A Airbnb nasceu em 2008. O TripAdvisor viu a sua posição consolidade entre 2004 e 2005, tal como o Booking.com e os sites de comparação de preços de passagens aéreas. Depois ainda apareceu o Google Translate.

Hoje vemos acontecer uma revolução nos meios de pagamento e na forma como podemos comprar moeda estrangeira sem ser numa banco ou corretora tradicional. Do passado já fazem parte os travelllers checks, as guias em papel e talvez num futuro próximo as próprias agências de viagem tradicionais (que para uma dada geração já não são tidas em linha de conta quando é altura de viajar).

Existem muitos outros exemplos e de certeza que ao ler este texto já se lembrou de vários. Agora pense naquilo que há em comum entre estas mudanças. Todas facilitam a vida ao consumidor com a oferta de um serviço digital mais amigável, que é desenhado para a sua satisfação e ao mesmo tempo gerar receita. Uma mudança de mindset de que Maeda e outras figuras do design digital falaram há algum tempo. “O design não é apenas estética, trata-se de ganhar relavância no mercado e obter melhores resultados” diz Maeda.

Isto não significa que os produtos e serviços eficientes e que foram desenhados há décadas vão ser ignorados. Significa sim que temos uma nova geração de designers que se encontra mais preparada para lidar com um ambiente híbrido de tecnologia e negócio de forma mais ágil, conduzindo a inovação ao centro da estratégia da organização, independentemente da área de actuação da mesma.

A compreensão deste movimento leva o design a diversas áreas dentro da empresa. Na linha de produtos e serviços procuram-se aqueles que têm melhor relação com o consumidor, como se fosse um indicador do que pode escalar no mercado.

Isto pode ser aplicado a produtos já em comercialização, através do service design, ou em projectos que se encontrem no roadmap para organização para lançamento, através de experiências e pesquisas etnográficas. Internamente a organização pode também aperfeiçoar os seus processos e criar fluxos de trabalho que privilegiem, a inovação através de uma espécie de business design.

Importante é que, cada vez mais, os decisores se apercebem da necessidade de construir uma nova empresa. Actualmente, segundo a pesquisa da Delloite que envolveu mais de 10.000 empresas, apenas 14% se dão como satisfeitos com a hierarquia corporativa tradicional para a definição e execução estratégicas.  Isto é um importante indicador e certamente responde à pergunta no inicio deste texto. É por isto que se fala tanto em Design de Serviço, Design de Interação, Desing Thinking e User Experience (UX).

Texto original por Hilton Menezes (Co-founder & Strategic Designer da Kyvo – Design-Driven Innovation) e adaptado para PT-PT. 

Artigo originalmente publicado no Meio e Mensagem.